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Manifesto do 1º Seminário Estadual de Agrobiodiversidade e Sementes Crioulas de Pernambuco.


Imagem: Walisson Rodrigues


Iniciamos nossa jornada no Sertão do Pajeú, organizando camponesas e camponeses para garantir que todos tivessem o direito de permanecer no campo com dignidade. Foi no semiárido pernambucano que, em meio à sua rica agrobiobiodiversidade, o MCP iniciou sua trajetória na defesa dos direitos dos povos do campo a partir da produção de alimentos saudáveis. A luta constante por condições melhores de vida no campo nos ensinou que a força do povo está na sua organização coletiva. Atualmente, expandimos nossa luta para o Sertão do Araripe, Sertão Central, Sertão do Moxotó, Agreste Meridional, Agreste Central, Mata Sul, Mata Norte e a Região Metropolitana do Recife. Nosso objetivo é claro e inegociável: defender a agrobiodiversidade, a soberania alimentar e o poder popular.


As sementes crioulas, patrimônio genético do campesinato, são a base de nossa resistência. Elas representam não só a continuidade das tradições camponesas, mas também a independência frente às práticas predatórias do agronegócio e do sistema capitalista, que ameaçam a diversidade e a vida no campo. Em 2018, organizamos o 1º Encontro e Distribuição Regional de Sementes Crioulas do Estado de Pernambuco, uma iniciativa pioneira que reafirmou a importância dessas sementes para a construção de uma agricultura regenerativa e soberana.


Imagem: Walisson Rodrigues


Nosso movimento se fortaleceu e cresceu mesmo durante a pandemia, em meio a tantas restrições de convívio. Em 2023, realizamos o Seminário Nacional do MCP, ampliando o debate sobre a soberania alimentar e denunciando as ameaças do agronegócio à proteção da agrobiodiversidade. Reunimos vozes de todo o país, reafirmando nosso compromisso com a luta pela terra, pela água e pela vida no campo.


Agora, em 2024, celebramos novas conquistas com a realização do 1º Seminário Estadual da Agrobiodiversidade e Sementes Crioulas de Pernambuco e da 1ª Feira Estadual da Agrobiodiversidade. Esse evento foi guiado pelo lema “Comida Saudável: Dever do Estado, Direito do Povo, Compromisso Camponês”, que se tornou um marco na história de nosso movimento, proporcionando a troca de saberes, fortalecendo laços e reafirmando nossa resistência.


Durante esses 3 dias de evento, ressaltamos nosso compromisso em proteger a agrobiodiversidade e em defender, plantar e multiplicar as sementes crioulas. Essas sementes existem porque agricultoras e agricultores familiares, camponesas e camponeses, assentadas e assentados da reforma agrária, quilombolas e povos indígenas trabalharam durante séculos na seleção, manejo e conservação das variedades.


Imagem: Walisson Rodrigues


Reiteramos a necessidade e o compromisso de produzir alimentos saudáveis não só para nosso povo, mas também para aqueles que mais precisam. Para isso, é fundamental unir o campo e a cidade, estreitar os caminhos e romper com fronteiras. É primordial, nesse processo, romper com o pacote tecnológico do agronegócio. Devemos cultivar sem o uso de venenos ou práticas destrutivas, buscando um campo fértil e abundante por meio da agroecologia, com o potencial de enfrentar a crise climática.


Destacamos também o papel das mulheres camponesas na permanência no campo, mesmo diante de uma alarmante situação de vulnerabilidade social. Elas são, na maioria dos casos, as responsáveis por garantir uma alimentação saudável dentro das casas e sentem a necessidade de mudar a realidade para assegurar melhores condições para suas famílias e futuras gerações.


Enfocamos e vivenciamos a participação da juventude camponesa no evento, que deseja permanecer no campo e vê nele oportunidades para construir um espaço com todos os bens essenciais e condições para acolher a diversidade que a juventude apresenta.


Imagem: Walisson Rodrigues


Salientamos a importância da cultura popular na vida das pessoas camponesas. Ela é um alicerce que fortalece e dá sentido à vida no campo, representando a expressão viva da nossa identidade e da história do nosso povo. Viver o presente é também reconhecer que nossas raízes estão conectadas com o passado. A cultura popular possibilita a união entre os povos, construindo laços que nos unem como comunidade e nos ajudam a resistir a um sistema injusto e cruel.


Não queremos um campo igual à cidade; queremos aproximar o campo da cidade e garantir um campo capaz de oferecer condições de vivências múltiplas e livres de exploração. Para isso, é necessário lutar pelo acesso à ciência e mecanização adequada para o povo do campo, tornando seu trabalho menos desgastante e permitindo que os sistemas naturais recuperem sua capacidade de suprir e nutrir a vida na Terra.


Cada semente crioula plantada e cada marco na nossa história são passos a mais em direção a um futuro onde camponesas e camponeses tenham o direito de viver e produzir com dignidade. Seguimos em frente, firmes na luta, com o compromisso de proteger nossas sementes, nossas terras e nossos modos de vida.

Por Soberania Alimentar, pela Defesa das Sementes Crioulas, pela Dignidade no Campo!


Imagem: Walisson Rodrigues



Coordenação Estadual do MCP de Pernambuco.

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